quarta-feira, 25 de julho de 2012

NAS TERRAS DO BEM-VIRÁ

Ficha técnica:
Diretor: Alexandre Rampazzo
Brasil: 2007, 111min.
Produtora: Tatiana Polastri
Empresa produtora: Varal Filmes
Roteiro: Alexandre Rampazzo e Tatiana Polastri
Diretores de fotografia: Fernando Dourado e Alexandre Rampazzo
Montagem: Fernando Dourado
Música: Nanah Correia, Julian Tirado e João Ba

PRÊMIOS:
- It’s All True – Festival Internacional de Documentários – Brasil – Menção honrosa
- Festival dos Três Continentes – Venezuela – Prêmio de melhor filme
- Mostra Etnográfica da Amazônia – Brasil – Prêmio de melhor filme
- Mostra Contra o Silê ncio de Todas as Vozes - México – Menção Honrosa
- Prêmio "Luta Pela Terra" - janeiro de 2009 - concedido nos 25 anos do MST - Sarandi-RS
- Mostra FICA – Brasil
- XXIII Festival de Inverno da Chapada dos Guimarães – Brasil
- Mostra do Audiovisual Paulista – Brasil

SINOPSE DO FILME:
Um dos documentários mais completos para se entender a questão dos conflitos agrários no Brasil.
Trabalhadores sem opção de sobrevivência em seus estados partem para a Amazônia, no Pará, para trabalhar nas fazendas iludidos pelo sonho de se poder conseguir o sustento de suas famílias. Mas a realidade é outra, grande parte não volta mais, torna-se um contingente de trabalhadores escravos, inseridos em um ciclo vicioso de trabalho e dívida com seu patrão. Após serem explorados durante décadas, muitos tornam-se indigentes.
Muitos dos que tentam escapar desse sistema, são assassinados. O chamado "Agronegócio" do latifúndio está quase sempre associado a diversas práticas nocivas a sociedade e ao planeta: quase todas as fazendas da região são produtos da grilagem, ou seja, são terras da União que de alguma forma foram fraudadas em nome de alguém; os pistoleiros, quando não a polícia do Estado, promovem a "limpeza" humana das áreas, ameaçando, assassinando os colonos que lá antes habitavam.
Esse modelo está ligado a derrubada de florestas, extinção de espécies, queimadas, contaminação dos recursos hídricos, a concentração de terras e de renda. Para fazer frente a isso, surgem os grupos sociais, como o Movimento dos Sem Terra, a Pastoral da Terra e personalidades internacionais, como Dorothy Stang, que enfrentam o poder dos fazendeiros, políticos corruptos, assassinos e a mídia tradicional

CONTEXTO (Importante leitura, pessoal!):
Embora os processos e formas de expropriação a que estão submetidos grupos subalternos que vivem nas áreas rurais do país possam variar e se transformar ao longo do tempo, historicamente, a realidade brasileira tem sido marcada por inúmeros conflitos agrários, concentração da terra e violências de toda ordem cometidas contra trabalhadores rurais, agricultores pobres, posseiros e populações tradicionais.
Por trás destes fenômenos encontra-se o avanço das chamadas “frentes de expansão”, cujo agente pioneiro na fronteira agrícola costuma ser, desde a Lei de Terras de 1850, a grilagem de terras. Tais frentes, ao integrarem regiões aos circuitos capitalistas de produção sem que haja a inserção efetiva do Estado presente enquanto agente garantidor de direitos, além de desestruturarem modos de vida tradicionais e regras costumeiras, por vezes, seculares, trazem consigo uma série de efeitos sociais e econômicos perversos para as populações locais, bem como a destruição de ecossistemas e parte dos biomas aos quais se acham associados.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) aponta que, neste mesmo ano, foram registradas 9.031 famílias ameaçadas pela ação de pistoleiros, sendo que a isto se somam inúmeros casos de fazendas onde são cotidianamente encontradas pessoas vivendo em regime de trabalho escravo. Submetidas a condições desumanas de trabalho e a alguma forma de exploração por dívida (sendo a mais conhecida delas o “sistema de barracão”), dados do Ministério do Trabalho revelam que, entre 1995 e 2010, cerca de 39.200 trabalhadores foram resgatados pelo “Grupo Móvel de Fiscalização Móvel”.
Paralelamente a isto, assiste-se atualmente a um revigoramento do modelo desenvolvimentista inaugurado nos anos 1970 com os governos militares, o qual investe no financiamento de grandes projetos agropecuários e de infraestrutura (mineração, barragens, estradas, ferrovias etc.). A despeito de supostos benefícios que possam trazer ao país, fato é que tais empreendimentos têm desencadeado sérios conflitos envolvendo a expulsão de agricultores de suas terras, confrontos (por vezes, genocídios) entre empresas públicas ou privadas e várias etnias indígenas, além de migrações em massa (em Rondônia, por exemplo, o consórcio encarregado de construir a hidrelétrica de Jirau, que recentemente esteve na mídia por conta de manifestações envolvendo seus empregados, mantém em seu canteiro de obras cerca de 22 mil trabalhadores, a maioria deles trazidos da região Nordeste).
Por sua vez, este incremento no número de conflitos, espoliação, desmatamento e violência se insere num contexto nacional de invisibilidade dos movimentos sociais e de suas demandas, cujas organizações, associações e sindicatos tem sido alvo de uma preocupante a crescente criminalização tanto parte da dita grande mídia como por setores dos Poderes Legislativo e Judiciário.
É dentro deste contexto que se insere o documentário Nas Terras do Bem-Virá, o qual traz à tona tais questões.


Antes de irem ao filme, e tentarem assisti-lo até o fim, ouçam essa canção, denominada “Funeral de um Lavrador” cantada por Chico Buarque a partir dos poemas de João Cabral de Melo Neto (o cara!).
O clip retrata em imagens a luta pela terra, mostrando que a REFORMA AGRÁRIA é um sonho no Brasil, e que o LATIFÚNDIO é, por questões históricas, a única realidade.

“É uma cova grande pra tua carne pouca
Mas a terra dada, não se abre a boca
É a conta menor que tiraste em vida
É a parte que te cabe deste latifúndio
É a terra que querias ver dividida
Estarás mais ancho que estavas no mundo
Mas a terra dada, não se abre a boca.”

JOÃO CABRAL DE MELO NETO



Agora, o documentário (Está dividido em 11 partes):





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