sábado, 16 de junho de 2012

URBANIZAÇÃO


Apesar de o processo de urbanização ter se iniciado com a Revolução Industrial, foi até meados do século XX um fenômeno relativamente lento e circunscrito aos países que primeiro se industrializaram, os chamados países desenvolvidos. Após a Segunda Guerra Mundial. Esse fenômeno foi concluído nos países desenvolvidos e iniciado de maneira avassaladora em muitos países subdesenvolvidos, notadamente na maioria dos países latino-americanos e em muitos países asiáticos. O continente africano até hoje é muito pouco urbanizado, ainda que o processo tenha se iniciado em alguns países.


URBANIZAÇÃO EM PAÍSES DESENVOLVIDOS

            Os fatores atrativos da urbanização, em muitos países desenvolvidos, estão ligados basicamente ao processo de industrialização em sentido amplo, ou seja, às transformações provocadas na cidade pela indústria, notadamente quanto à geração de oportunidades de empregos, seja no setor terciário, com salários em geral mais altos.
Nesses países, além das transformações urbanas, houve como conseqüência da Revolução Industrial, também uma revolução agrícola, ou seja, uma modernização da agropecuária que, ao longo da história foi possibilitando a transferência de pessoas do campo para a cidade.
A urbanização que ocorreu nos países desenvolvidos foi gradativa. As cidades foram se estruturando lentamente para absorver os migrantes havendo melhorias na infra-estrutura urbana – moradia, água, esgoto, luz, etc. – e aumento da geração de empregos. Além disso, pelo fato de gradativamente haver um aumento de fluxos de mercadorias e pessoas, o processo de industrialização foi também se descentralizando geograficamente. Como resultado, há nos países desenvolvidos uma densa e articulada rede de cidades.


URBANIZAÇÃO NOS PÁISES SUBDESENVOLVIDOS

Já os fatores repulsivos são típicos de países subdesenvolvidos, sem indústrias ou com um baixo nível de industrialização. Estão ligados fundamentalmente às péssimas condições de vida existentes na zona rural, em função da estrutura fundiária bastante concentrada, dos baixos salários, da falta de apoio aos pequenos produtores, do arcaísmo das técnicas de cultivo, etc. Assim, há uma grande transferência de população para as cidades, notadamente para as grandes metrópoles, criando uma série de problemas urbanos. Tais problemas são resultado de um fenômeno urbano característico de muitos países subdesenvolvidos: macrocefalia urbana.
Assim, a macrocefalia deve ser entendida como o resultado da grande concentração das atividades econômicas, principalmente dos serviços, e, portanto, da população.
O crescimento rápido de algumas cidades, que acaba culminando no fenômeno de metropolização, é resultado da incapacidade de criação de empregos, seja na zona rural, seja em cidades pequenas e médias, o que força o deslocamento de milhões de pessoas para as cidades que polarizam a economia de cada país. Soma-se a isso, o alto crescimento demográfico na maioria dessas cidades.
Mesmo o centro dinâmico dessas cidades não é capaz de absorver tamanha quantidade de migrantes, e logo começa a aumentar o número de desempregados, que para sobreviver recorrem ao subemprego. Com baixos rendimentos, torna-se mais difícil obter uma moradia, o que traz a multiplicação das favelas, cortiços e pessoas vivendo embaixo de pontes.
Essa é a face mais visível do crescimento desordenado das cidades, que acaba criando um meio favorável à violência urbana.


A rede urbana é formada pelo sistema de cidades, no território de cada país, interligadas umas às outras através dos sistemas de transportes e de comunicações pelos quais fluem pessoas, mercadorias, informações, etc. No esquema abaixo, podemos visualizar as diferenças na rede urbana dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos:



HIERARQUIA URBANA

            Na tentativa de apreender as relações travadas entre as cidades no interior de uma rede, a noção de hierarquia urbana também passou a ser utilizada. O conceito foi tomado do jargão militar, em que há de faro uma rígida hierarquia, ou seja, o subordinado tem de se reportar ao seu superior imediato. Logo, a metrópole seria o nível máximo de poder e influência econômica e a vila, o nível mais baixo, sofreria influência de todas as outras. Até a década de 70, essa foi a concepção mais utilizada.
            Essa concepção tradicional não dá mais conta das relações concretas travadas entre as cidades no interior da rede urbana. Com os crescentes avanços tecnológicos, com a brutal modernização dos sistemas de transportes e de comunicações, as relações entre as cidades já não seguem mais o esquema militar. Atualmente já é possível falar da existência de uma nova hierarquia urbana, dentro da qual a relação da vila ou da cidade local pode ser travada com o centro regional, com a metrópole regional, ou em certos níveis com a metrópole nacional.



URBANIZAÇÃO BRASILEIRA


            Apesar das diferentes taxas regionais de urbanização apresentadas no gráfico abaixo, podemos afirmar que o Brasil é um país urbanizado. Com a saída de pessoas do campo em direção às cidades, os índices de população urbana vêm aumentando sistematicamente em todo o país ao ponto de a Região Norte, a menos urbanizada, apresentar o significativo índice de 59% de população urbana. Desde os primórdios do processo de povoamento, as cidades se concentravam na faixa litorânea, mas, a partir da década de 60, passaram por um processo de dispersão espacial, à medida que novas porções do território foram sendo apropriadas pelas atividades agropecuárias



Em virtude da modernização do campo, verificada em diversas regiões agrícolas, assiste-se a uma verdadeira expulsão dos pobres, que encontram nas grandes cidades seu único refúgio. Como as indústrias absorvem cada vez menos mão-de-obra e o setor terciário apresenta um lado moderno, que exige qualificação profissional, e outro marginal, que remunera male não garante estabilidade, a urbanização brasileira vem caminhando lado a lado com o aumento da pobreza e a deterioração crescente das possibilidades de vida digna aos novos cidadãos urbanos.
                                                                                          
            Para uma melhor compreensão do processo de urbanização brasileira, é importante conhecer os grandes movimentos migratórios do século XX , que reflete as mudanças econômicas no país. Abaixo segue um quadro que resume esses movimentos:

REDE URBANA BRASILEIRA


Apenas a partir da década de 40, juntamente com a industrialização e a instalação de rodovias, ferrovias e novos portos, integrando o território e o mercado, é que se estruturou uma rede urbana em escala nacional. Até então, o Brasil era formado por "arquipélagos regionais" polarizados por suas metrópoles e capitais regionais. As atividades econômicas, que impulsionam a urbanização, desenvolviam-se de forma independente e esparsa pelo território. A integração econômica entre São Paulo (região cafeeira), Zona da mata nordestina (cana-de-açúcar, cacau e tabaco), Meio-Norte (algodão, pecuária e extrativismo vegetal) e região Sul (pecuária e policultura) era extremamente frágil. Com a modernização da economia, primeiro as regiões Sul e Sudeste formaram um mercado único que, depois, incorporou o Nordeste e mais, recentemente, também o Norte e o Centro-Oeste.
           Assim, desde a década de 40, havia forte tendência à concentração urbana em escala regional, que deu origem a importantes pólos. Estes encontravam os índices de crescimento urbano e econômico e detinham o poder político em grandes frações do território. É o caso de Belém, Fortaleza, recife, Salvador, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre, todas as capitais de estados e, posteriormente, reconhecidas como metrópoles. Essas cidades abrigavam, em 1950, aproximadamente 18% da população do país; em 1970 cerca de 25% e, em 1991, mais de 30%.
           A partir da década de 40, à medida que a infra-estrutura de transportes e comunicações foi se expandindo pelo país, o mercado se unificou e a tendência à concentração urbano-industrial ultrapassou a escala regional, atingindo o país como um todo. Assim, os grandes pólos industriais da região Sudeste, com destaque para São Paulo e Rio de Janeiro, passaram a atrair um enorme contingente de mão-de-obra das regiões que não acompanharam seu ritmo de crescimento econômico e se tornaram metrópoles nacionais. Essas duas cidades, por não atenderem às necessidades de investimento em infra-estrutura urbana, tornaram-se centros caóticos. Após a Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder, até meados da década de 70, o governo federal concentrou investimentos de infra-estrutura industrial (produção de energia e implantação de sistema de transportes) na região Sudeste, que, em conseqüência, se tornou o grande centro de atração populacional do país. Os migrantes que a região recebeu eram, em sua esmagadora maioria, constituídos por trabalhadores desqualificados e mal-remunerados, que foram se concentrando na periferia das grandes cidades, em locais totalmente desprovidos de infra-estrutura urbana.
           Com o passar dos anos, a periferia se expandiu demais e a precariedade do sistema de transportes urbanos levou a população de baixa renda a preferir morar em favelas e cortiços no centro das metrópoles. Atualmente, 65% dos habitantes da Grande São Paulo e Grande Rio de Janeiro moram em cortiços, favelas, loteamentos clandestinos ou imóveis irregulares.
           A partir de então, durante as décadas de 70 e 80, essas duas metrópoles passaram a apresentar índices de crescimento populacional inferiores à média brasileira. Em todas as metrópoles regionais, exceto Recife, foram verificados índices superiores a essa mesma média. No Centro-Sul do país, as cidades estão plenamente conectadas, o que intensifica a troca de mercadorias, informações e ordens entre a população e os agentes econômicos. Já nas regiões mais atrasadas, a conexão entre as cidades é esparsa e a relação de troca é incipiente.

METROPÓLES BRASILEIRAS

            Segundo o IBGE, a determinação de uma região metropolitana depende de alguns fatores tais como o contingente populacional, que deve conter 800.000 habitantes no mínimo em seu núcleo central, e a estrutura produtiva que implica funções urbanas diversificadas e especializadas. 

A Região Metropolitana de São Paulo (ou Grande São Paulo) é a maior do país, compreendendo 39 municípios no total. A integração entre estes se reflete pelas vias expressas que permitem o rápido deslocamento entre os municípios, pelos meios de comunicação, além de outros serviços. Outro fato que ilustra a importância desta região metropolitana e sua integração são os dois aeroportos internacionais – Congonhas e Cumbica.

A Região Metropolitana do Rio de Janeiro foi instituída em 1974, após a fusão dos antigos estados do Rio de Janeiro e da Guanabara. É a segunda maior região metropolitana do Brasil. Nela também pode-se observar obras de infra-estrutura e implantação de serviços para facilitar a integração entre os municípios, o que foi ocorrendo ao longo dos anos. A Linha Vermelha, por exemplo, agilizou o deslocamento de pessoas e mercadorias entre os municípios de Duque de Caxias, Nova Iguaçu e Rio de Janeiro.



A MEGALÓPOLE NO BRASIL

            As megalópoles são grandes regiões urbanizadas constituídas em um espaço polarizado (região de influência de um determinado centro urbano) por duas ou mais metrópoles. O conjunto desse espaço apresenta uma forte integração econômica e intensos fluxos de pessoas e mercadorias, sustentados por meio de transportes rápidos.
            A megalópole brasileira, ainda em formação, está no Complexo Metropolitano da Região Sudeste, no Eixo São Paulo – Rio de Janeiro. Estende-se pelo Vale do Paraíba, entre as Grandes São Paulo de Rio, indo por meio do eixo Anhanguera – cidades de São Paulo a Limeira, abrangendo as cidades de Campinas e Americana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário