segunda-feira, 11 de junho de 2012

O modernismo europeu e a SEMANA DE ARTE MODERNA DE 22


Relembrem o início do século XX: Se analisarmos minuciosamente, perceberemos que este iniciozinho de século será palco de uma série de mudanças sociais, econômicas,de ideias além de constituir importante espaço para a primeira guerra, ou como os historiadores mais atuais preferem chamar “A grande guerra” (para se referir aos dois conflitos, o de 1914 e o de 1939). A indústria vem se desenvolvendo a pleno vapor desde o século passado, traz o uso da energia elétrica, dos automóveis, aviões. As mulheres começam a alcançar cada vez mais espaço, seus vestidos ficam mais curtos, ingressam em universidades, ocupam cargos de liderança. Ideias comunistas e anarquistas também vem ganhando uma grande quantidade de adeptos. Descobertas na ciência trazem ideias até então inimagináveis, Einsten traz aTeoria da Relatividade, é descoberto que um átomo é composto por prótons e elétrons, e as armas tem ficado cada vez mais fatais. Imaginem: se tudo isso está mudando, é claro que a arte e a literatura também sofreriam mudanças muito significativas.
Na literatura, na arte e na música, haverá a influencia de correntes como o futurismo, o cubismo, o expressionismo, dadaísmo, fauvismo e surrealismo. Na realidade, desde o romantismo se procurava contestar as tradições, mas apartir desse momento, a coisa será ainda mais séria! A única regra será quebrar regras! As convenções! Prega-se a liberdade absoluta de criação. O ideal era contestar, criticar, ridicularizar. Na pintura os artistas não se preocupavam mais em retratar fielmente um retrato, mas sim as cores, as linhas, afinal isso sim queria expressar algo. Na música, podemos citar a Sagração da Primavera de Stravinsky, com melodias mais agitadas, dissonantes. Na poesia e na literatura também procura-se quebrar as regras, fazer uma rima métrica? Isso já não importava mais! Agora essas artes se preocupavam com o homem comum, trabalhador, sofredor de angústias amorosas, trabalhistas, familiares..
A SEMANA DE ARTE DE 22
Lembram-se quando eu disse que uma idéia corre muito mais rápido do que qualquer coisa?Numa velocidade inimaginável? Pois é, essas idéias de rompimento de paradigmas também chegarão aqui no Brasil. Muito artistas brasileiros que viajavam pela Europa foram influenciados pelo movimento de modernidade, e chegaram ao Brasil querendo colocar tudo que viram em prática.
Para isso, eles procurarão organizar uma semana de arte, a Semana de arte Moderna de 1922, em São Paulo. O objetivo era reunir artistas de linhas diferentes, fosse no campo da música (exemplo o fantástico Villa Lobos), da literatura (como Mario de Andrade, Oswald de Andrade), ou da arte como Anita Mafatti, Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral para formar a verdadeira arte brasileira, resgatando as raízes brasileiras, mas conciliando com alguns toques europeus, mas sem valorizar (como até então era comum) a arte européia como algo superior e consequentemente melhor. O que foi apresentado no dia, justamente com esse objetivo de quebrar regras e conceitos aterrorizou a população. As pessoas vaiavam, levavam ovos e tomates para remeter contra os artistas; ficavam escandalizadas. As artes procuravam discutir uma identidade artística brasileira abordando questões sociais, criticando as desilgualdades, o que até então raramente era feito.
A literatura modernista também não escapou das vaias. Artistas hoje renomados, sofreram com duras críticas após apresentarem obras polêmicas, um exemplo disso é o célebre Oswald Andrade que em seu Manifesto Antropofágico propunha devorar a cultura estrangeira, filtrando somente o que de fato é importante: “Tupi, or not tupi, that is the question”.
É importante destacar duas coisas, a primeira é que a semana de arte moderna foi algo experimental, com o objetivo de se fazer refletir acerca do que estava sendo discutido e criticado. A segunda, é que a semana de arte não foi um movimento isolado. Ela serviu para disseminar as idéias de modernidade, o que de fato aconteceria. Estas se tornariam sólidas e se concretizariam. Se anteriormente, tais artes foram consideradas "degeneradas", hoje são exemplos de um tempo em que os artistar buscavam quebrar as regras, e os conceitos, tentar uma libertação da arte e da criação. Hoje estas artes são demasiado valorizados, tanto aqui, quanto no exterior.

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